«O sagrado é o pródigo fervilhar da vida que, para durar, é encadeado pela ordem das coisas, e que o encadeamento muda em desencadeamento, por outras palavras em violência. Sem tréguas, ameaça quebrar os diques, opor à actividade produtiva o movimento brusco e contagioso de uma consumição de pura glória. O sagrado pode ser precisamente comparado à chama que destrói a madeira ao consumi-la. O incêndio ilimitado é esse contrário de uma coisa, propaga-se, irradia calor e luz, incendeia e cega, e aquele que por ele é incendiado e cegado, por sua vez, bruscamente, incendeia e cega. O sacrifício abrasa como o sol que lentamente morre da pródiga irradiação cujo esplendor os nossos olhos não suportam, mas nunca está isolado, e num mundo de indivíduos, convida à negação geral dos próprios indivíduos.»