Perante o poeta que se desdobrava em heterónimos e afirmou, pela voz de Álvaro de Campos, «Fingir é conhecer-se», é difícil saber o que, por detrás das muitas máscaras, «realmente» pensava e sentia. No entanto, é possível distinguir entre o autor literário e o homem civil, quotidiano, por mais que os dois se confundam. Os diários, cartas, apontamentos e alguns poemas reunidos neste volume esboçam um retrato de Fernando Pessoa que, embora aproximativo e incompleto, tem a virtude de ser feito com as suas próprias palavras. E esse retrato interessa, não apenas para satisfazer a nossa curiosidade e ajudar-nos a compreender a natureza e evolução do génio do escritor, mas também para podermos apreciar melhor a sua vasta obra, na medida em que refere ou implica, direta ou veladamente, as suas experiências de vida.